José Dirceu mete a mão na Copa.
SEGUNDO O BLOG de Josias de Souza, José Maria Marin e José Dirceu jantaram juntos em Paris e de lá voltaram no mesmo voo da Air France. Marin, agora presidente também do Comitê Organizador Local da Copa, e Dirceu, consultor para toda e qualquer obra, porta de entrada eventual para o cartola no governo federal. Ambos foram flagrados na esteira do aeroporto de Guarulhos na manhã do último dia 2, o que permite dizer que saíram da França no 1º de abril, por mais que pareça mentira.
Mas parece mentira mesmo? Parece nada. Faz todo sentido. Para o cartola e para o consultor, que não se dá conta de que parcerias que tais não ajudam a melhorar a imagem de quem se queixa de ter sido cassado injustamente e luta para recuperar seus direitos políticos. Porque Marin precisa reabrir em Brasília as portas que Ricardo Teixeira fechou. E Dirceu joga o jogo do poder, pragmático, dane-se a cor do gato, importa que coma o rato. Ou o deixe vivo, bem vivo, se interessante for.
E Marin parece ser, como Boris Berezovsky também parecia quando o russo e o ex-ministro da Casa Civil tricotaram perigosamente nos tristes tempos da MSI/Corinthians. O fenômeno faz parte não de duas faces da mesma moeda, mas da moeda que cai em pé para não distinguir também os petistas dos tucanos, a velha Arena e a parte podre do MDB. Todos na mesma lama, envolvidos com o que há de pior, seja no futebol, no jogo do bicho, bingos, tráfico de influências, empreiteiras ou mega-agências de propaganda. O poder!
E, é claro, a Copa do Mundo no Brasil se presta a que quem esteja por cima nade de braçada nesta onda, tenha a origem que tiver, seja das lavanderias ou das cachoeiras, importa que jorrem. O inconfidente Tomás Antônio Gonzaga, autor do célebre poema "Marília de Dirceu", pagou caro por seu idealismo, entre a prisão e o desterro.
Já Marin jamais foi chegado a ideal algum, a não ser ao de se dar bem e tem obtido inegável sucesso. Já Dirceu deixou para trás quaisquer veleidades do gênero, convencido de que a burguesia precisa ser vencida por dentro e que o melhor meio é juntar-se a ela, com um sorriso nos lábios. Como se fosse o John Wayne da piada em que o ator se encontra cercado de índios por todos os lados e alguém lhe pergunta como fez para se safar: "Virei índio também", responde o cowboy.
Coluna do Juca Kfouri, na Folha de São Paulo
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