Maurí Martinelli
Sociólogo
A liberdade política é uma ideia e não uma realidade. É preciso saber aplicar essa ideia, quando for necessário atrair as massas populares ao seu partido com a isca duma ideia , se esse partido formou o desígnio de esmagar o partido que se acha no poder (ex.: Revolução Francesa). Esse problema torna-se fácil, se o adversário recebeu esse poder da ideia de liberdade, do que se chama socialismo, e sacrifica um pouco de sua força a essa ideia. E eis onde aparecerá o triunfo de nossa teoria: as rédeas frouxas do poder serão logo tomadas, em virtude da lei da natureza, por outras mãos porque a força cega do povo não pode ficar um dia só sem guia, e o novo poder não faz mais do que tomar o lugar do antigo enfraquecido pelo socialismo.
Nos dias que correm, o poder do dinheiro substituiu o poder dos governos socialistas. Houve tempo em que a fé governou. A liberdade é irrealizável, porque ninguém sabe usar dela dentro de justa medida. Basta deixar algum tempo o povo governar-se a si mesmo para que logo essa autonomia se transforme em licença que no Brasil, Dilma estabelece através do Decreto Bolivariano de nº 8.243/2014, que tem objetivo golpista. Então, surgem dissensões que em breve se transformam em batalhas sociais, nas quais o Estado se consome e, a sua grandeza se reduz a cinzas.
Se o Estado se esgota nas suas próprias convulsões ou se suas comoções intestinas o põem a mercê dos inimigos externos,(fora de Brasília) pode ser considerado irremediavelmente perdido; caiu em nosso poder. O despotismo do capital, intacto entre nossas mãos, aparece-lhe como uma tábua de salvação, à qual, queira ou não queira, tem de se agarrar para não ir ao fundo.
Aquele cuja alma socialista quiser considerar esse raciocínios como imoral, perguntarei: se todo Estado tem dois inimigos, e se lhe é permitido, sem a menor pecha de imoralidade, empregar contra o inimigo externo (povo) todos os meios de luta, como, por exemplo, não lhe dar a conhecer seus planos de ataque ou defesa, surpreendê-lo na calada da noite ou com forças superiores, porque essas mesmas medidas, usadas contra um inimigo pior, que arruinaria a ordem social e a propriedade, seriam ilícitas e imorais?
Um espírito equilibrado poderá esperar guiar com êxito as multidões por meio de exortações sensatas e pela persuasão, quando o campo está aberto à contradições, mesmo desarrazoadas, mas que parecem sedutoras ao povo, que tudo compreende superficialmente. Os homens, quer sejam ou não da plebe, guiam-se exclusivamente por suas paixões mesquinhas, suas superstições, seus costumes, suas tradições e teorias sentimentais: são escravos da divisão dos partidos que se opõem a qualquer harmonia razoável. Toda decisão da multidão depende duma maioria ocasional ou, pelo menos, superficial; na sua ignorância dos segredos políticos, a multidão toma resoluções absurdas; e uma espécie de anarquia arruina o governo. A política nada tem de comum com a moral. O governo que se deixa guiar pela moral não é político, e, portanto, seu poder é frágil. Aquele que quer reinar deve recorrer à astúcia e à hipocrisia. As grandes qualidades populares - franqueza e honestidade - são vícios na política, porque derrubam mais governantes do que inimigos. Essas qualidades são atributos dos socialistas/comunistas e não nos devemos deixar absolutamente guiar por elas.
Nosso fim é possuir a força. A palavra "direito" é uma ideia abstrata que nada justifica. Essa palavra significa simplesmente isto: "Dai-me o que eu quero, a fim de que eu possa provar que sou mais forte do que vós". Onde começa o direito, onde acaba?
No Estado brasileiro o poder está mal organizado, em que as leis e o governo se tornam impessoais por causa dos inúmeros direitos que o socialismo criou, veio um novo direito, o de me lançar, de acordo com a lei do mais forte, contra todas as regras e ordens estabelecidas, derrubando-as; o de por a mão nas leis, remodelando as instituições e tornando-me senhor daqueles que abandonaram os direitos que lhes dava a sua força, renunciando a eles "voluntariamente".
Em virtude da atual fragilidade de todos os poderes, nosso poder será mais duradouro do que qualquer outro, porque será invencível até o momento em que estiver tão enraizado que nenhuma astúcia o poderá destruir. Hegemonia cultural.
Do mal passageiro que ora somos obrigados a fazer nascerá o bem dum governo inabalável, que restabelecerá a marcha regular do mecanismo das existências nacionais perturbadas pelo socialismo. O resultado justifica os meios.
A máxima socialista diz: Prestamos atenção aos nossos projetos, menos quanto ao bom e ao moral do que quanto ao útil e ao necessário. Temos diante de nós um plano, no qual está exposto estrategicamente a linha de que não nos podemos afastar sem correr o risco de ver destruído o trabalho de muitas décadas.
Para achar os meios que levam a esse fim, é preciso ter em conta a covardia, a instabilidade, a inconstância da multidão, sua incapacidade em compreender e discernir as condições de sua própria vida e de sua prosperidade. É necessário compreender que a força da multidão é cega, insensata, sem raciocínio, indo para a direita ou para a esquerda.
Um cego não pode guiar outro cego sem levá-lo ao precipício; do mesmo modo, os membros da multidão, saídos do povo, - embora dotados de espírito genial, por nada entenderem de política não podem pretender guiá-la sem perder a nação.
Somente um indivíduo preparado desde a meninice para a autocracia é capaz de conhecer a linguagem e a realidade políticas. Um povo entregue a si próprio, isto é, aos ambiciosos do seu meio, arruina-se na discórdia dos partidos, excitados pela sede do poder, e nas desordens resultantes dessa discórdia. É possível às massas populares raciocinar tranquilamente, sem rivalidades intestinas, dirigir os negócios de um país que não podem ser confundidos com os interesses pessoais? Poderão defender-se dos inimigos externos? É impossível. Um plano, dividido por tantas cabeças quantas há na multidão, perde sua unidade, tornando-se ininteligível e irrealizável.
Somente um autocrata pode elaborar planos vastos e claros, pondo cada coisa em seu lugar no mecanismo da estrutura governamental. Concluamos, pois, que um governo útil ao país e capaz de atingir o fim a que se propõe, deve ser entregue às mãos dum só indivíduo responsável, com um parlamento forte e não submisso ao governante. Sem o despotismo absoluto, a civilização não pode existir; ela não é obra das massas, mas de seu guia, seja qual for. A multidão é um bárbaro que mostra sua barbárie em todas as ocasiões. Logo que a multidão se apodera da liberdade, transforma-a em anarquia, que é o mais alto grau de barbárie.
Vede esses animais embriagados com aguardente, imbecilizados pelo álcool, a quem o direito de beber sem limites foi dado ao mesmo tempo em que a liberdade. Não podemos permitir que os nossos se degradem a esse ponto. Os povos cristãos estão sendo embrutecidos pelas bebidas alcoólicas; sua juventude está embrutecida pelos estudos clássicos e pela devassidão precoce a que a impelem nossos agentes, professores, criados, governantes, mulheres públicas nos lugares onde os cristãos se divertem. No número das últimas, incluo também as mulheres de boa vontade a devassidão e o luxo das perdidas.
A palavra de ordem sociedade em que vivemos é: Força e Hipocrisia. Somente a força pode triunfar na política, sobretudo se estiver escondida nos talentos necessários aos homens de Estado. A violência deve ser um princípio; a astúcia e a hipocrisia, uma regra para os governos que não queiram entregar sua coroa aos agentes de uma nova força. Esse mal é o único meio de chegar ao fim, o bem. Por isso não nos devemos deter diante da corrupção, da velhacada e da traição, todas as vezes que possam servir as nossas finalidades. Em política, é preciso saber tomar a propriedade de outrem sem hesitar, se por esse meio temos de alcançar o poder. Nessa conquista pacífica, nosso Estado tem o direito de substituir os horrores da guerra pelas condenações à morte, menos visíveis e mais proveitosas para conservar o terror que obriga o povo a obedecer cegamente. Uma severidade justa, mas inflexível, é o maior fator da força dum Estado; não é somente nossa vantagem, porém nosso dever, para obter a vitória, seguir esse programa de violência e hipocrisia. Semelhante doutrina, baseada no cálculo, é tão eficaz quanto os meios que emprega. Não só por esses meios, mas também por essa doutrina de severidade, nós triunfaremos e escravizaremos todos os governos ao nosso supremo governo. Bastará que se saiba que somos inflexíveis para que cesse toda insubordinação. Disse Lula nas entrelinhas, depois das vaias sofridas por Dilma na abertura da Copa do Mundo.
Fomos nós os primeiros que, já na antiguidade, lançamos ao povo as palavras "Liberdade, Igualdade, Fraternidade", palavras repetidas tantas vezes pelos papagaios inconscientes que, atraídos de toda a parte por essa isca, dela somente tem usado para destruir a prosperidade do Brasil, a verdadeira liberdade individual, outrora tão bem garantida dos constrangimentos da multidão. Homens que se julgavam inteligentes não souberam desvendar o sentido oculto dessas palavras, não viram que se contradizem, não repararam que não há igualdade na natureza, que nela não pode haver liberdade, que a própria natureza estabeleceu a desigualdade dos espíritos, dos caracteres e das inteligências, tão fortemente submetidos às suas leis; esses homens não sentiram que a multidão é uma força cega; que os ambiciosos que elege são tão cegos em política quanto ela; que o iniciado, por mais tolo que seja, pode governar, enquanto que a multidão dos não-iniciados, embora cheia de gênio, nada entende da política. Todas essas considerações não brotaram no espírito socialista; entretanto, é nisso que repousa o princípio dinástico dos governos socialistas totalitários; o pai transmite ao filho os segredos da política, desconhecidos fora dos membros da família reinante, a fim de que ninguém os possa trair. Mais tarde, o sentido da transmissão hereditária dos verdadeiros princípios da política se perdeu. O êxito de nossa obra aumentou.
Todavia, no mundo, as palavras Liberdade, Igualdade, Fraternidade puseram em nossas fileiras, por intermédio de nossos agentes cegos, legiões inteiras de homens que arvoraram com entusiasmo nossos estandartes. Contudo, tais palavras eram os vermes que roíam a prosperidade do Brasil, destruindo por toda a parte a paz, a tranquilidade, a solidariedade, minando todos os alicerces do Estado. Vereis pelo que se segue como isso serviu ao nosso fracasso; isso nos deu, entre outras coisas, a possibilidade de não triunfar. Mais importante, não aboliu os privilégios, a própria essência da aristocracia governamental socialista, o único meio de defesa que tinham contra nós, o povo. Sobre as ruínas da aristocracia, elevamos nossa inteligência e as finanças. Tomamos por critério dessa nova elite-dominante, que depende de nós, o povo que produz riquezas, e a ciência, que é dirigida por nossos sábios.
Nosso triunfo não foi facilitado pelo fato de nas nossas relações com os homens de quem precisamos saber tocar as cordas mais sensíveis da alma humana: o cálculo, a avidez, a insaciabilidade de bens materiais, todas essas fraquezas humanas, cada qual capaz de abafar o espírito de iniciativa, pondo a vontade voraz desses homens para usurpar os frutos de nossas atividades laborativas.
A ideia abstrata da liberdade deu a possibilidade de persuadir às multidões que esse governo não passa de gerente do proprietário do país, que é o povo, podendo-se mudá-lo como se muda de camisa.
A removibilidade dos representantes do povo coloca-os à nossa disposição; eles dependem de nossa escolha. O Brasil pode melhorar ou piorar, dependo do coice que preferimos. O distinto está logo ali. Temos eleições para presidente em outubro de 2014. Eu disse, eleições para presidente.
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Mauri Martinelli
Sociólogo