Encarregado da administração dos bens da Arquidiocese do Rio de Janeiro, o monsenhor Abílio Ferreira da Nova envolveu-se, na noite do último domingo, no maior escândalo da paróquia. O ecônomo da Cúria foi flagrado por agentes da Polícia Federal no momento em que embarcava para Portugal com 52 000 euros não declarados. As cédulas estavam divididas: 45 000 em uma de suas malas, camufladas entre enlatados, e outros 7 000 nas meias e cueca do religioso. A prisão do ecônomo já seria, isoladamente, desastrosa para a imagem da Igreja Católica no Rio de Janeiro. Mas o enredo da trama protagonizada por monsenhor Abílio torna-se ainda mais indigesto para a Cúria por ser ele o sucessor do padre Edvino Alexandre Steckel, afastado em 2009 depois que veio à tona uma lista de gastos que, entre móveis, itens de luxo e serviços caros, incluía a compra de um apartamento ‘funcional’ de 500 metros quadrados por 2,2 milhões de reais para o então arcebispo, dom Eusébio Scheid. Abílio, que havia sido afastado em 2008, foi reconduzido ao cargo e assumiu tendo, entre outras missões, a de moralizar as contas da Arquidiocese. Pelo crime de evasão de divisas, ele vai responder em liberdade e pode pegar até seis anos de prisão. Agora é ver se haverá a mesma comoção pública do caso da bispa Sonia Hernandez.
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