No seu artigo, o jornalista Augusto Nunes, Veja, ex-diretor de Redação de Zero Hora, Porto Alegre, lembra que de passagem pela Argentina, entre um e outro olhar 171 na direção da companheira Cristina Kirchner, Lula festejou a ofensiva liberticida concebida para sufocar financeiramente o Grupo Clarín. Leia o que ele escreveu:
"Podem vir todos os jornais, todos os canais de televisão que quiserem que não poderão negar o apoio que este governo tem", caprichou na bravata ao discursar na inauguração de uma universidade controlada por sindicalistas. Na continuação do palavrório, sonhou acordado com a ressurreição da censura à imprensa no Brasil, disfarçada de "controle social da mídia" ou "regulamentação dos meios de comunicação".
"Faz dois anos e meio que deixei o governo", choramingou o ex-presidente que ainda não desencarnou do Planalto. "Eu pensei que a nossa imprensa, no Brasil, fosse parar de falar mal de mim. Mas hoje falam mal de mim e da Dilma. Às vezes, eu tenho a impressão de que a imprensa está exilada dentro de nosso país. Está isolada. Quando nos criticam, dizem que é democracia, mas quando nós os criticamos dizem que estão sendo atacados". (Segundo o Glossário da Novilíngua Lulopetista, "falar mal" quer dizer divulgar, denunciar, investigar ou comentar escândalos protagonizados por militantes ou aliados do PT. Exemplo: faz 195 dias que alguns jornalistas falam mal de Lula e Rose.) Dias depois da performance dedicada à viúva-de-tango, o palanque ambulante retomou no Peru o tema recorrente. Entre uma palestra de 100 mil dólares e uma conversa encomendada por benfeitores de campanhas eleitorais, o camelô de empreiteiro concedeu uma entrevista ao La Republica ─ e não perdeu a chance de reiterar a advertência: "Os companheiros da comunicação devem compreender que um canal de TV é concessão do Estado. E não se pode usar uma concessão para atuar como partido político. Não pode inventar fatos. Tem de contar a verdade". (O alvo era o jornalismo independente. Ruim de mira, Lula acertou a testa da TV Brasil, o pé das emissoras do companheiro José Sarney e o fígado do jornal do parceiro Fernando Collor.)
. Passados quase 30 anos, o ex-presidente ─ quem diria ─ invoca argumentos semelhantes aos utilizados pelo general Newton Cruz, então comandante militar do Planalto, para inaugurar em 17 de dezembro de 1983 o que o PT batizaria tempos depois de 'controle social da mídia'.
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