Entre os manifestantes que provocaram tumulto na visita da blogueira Yoani Sánchez na Câmara dos Deputados, nesta quarta-feira, estava um servidor da Casa. Rodrigo Grassi Cademartori, conhecido entre militantes como Rodrigo Pilha, é secretário parlamentar no gabinete da deputada federal Érika Kokay (PT-DF) e estava em horário de trabalho. Enquanto parlamentares da oposição tentavam iniciar a sessão informal em que Yoani seria ouvida, Rodrigo, com o crachá de servidor escondido por debaixo da camiseta, gritou por diversas vezes, do fundo do plenário, para os parlamentares que comandavam a sessão. "Deixa os movimentos sociais entrarem!", disse, repetidas vezes, aos gritos, acompanhado por outros dois manifestante. Do lado de fora, outros oito tentavam entrar na sala, mas eram impedidos por seguranças. O protesto contra Yoani não foi o único do petista Rodrigo no dia. Depois de deixar a sala, ele cruzou por acaso com o deputado federal Eduardo Azeredo (PSDB-MG) em um dos corredores da Casa. Imediatamente, pegou o celular e começou a gravar, em vídeo, uma entrevista improvisada com o deputado tucano, como se fosse jornalista. Rodrigo começou a fazer perguntas sobre o mensalão mineiro, esquema de financiamento irregular da campanha da reeleição de Azeredo ao governo de Minas Gerais, em 1998. Inicialmente, Azeredo reagiu com tranquilidade à abordagem, constrangido, mas sorrindo. O servidor-manifestante perguntava o que o deputado achava da demora para o julgamento do mensalão mineiro. Depois, passou a insistir em saber se Azeredo "admitia que era o responsável pela criação do mensalão". Depois de três perguntas idênticas, Azeredo se irritou, agarrou o braço de Rodrigo e tomou o celular de suas mãos. "Você está me agredindo, você está me agredindo", repetiu Azeredo, chamando na sequência os seguranças da Casa e devolvendo o celular para Rodrigo. Abordado, o petista não quis falar seu nome. "Você quer saber quem eu sou ou o que aconteceu?", perguntou. Depois, se apresentou como Rodrigo Pilha. Posteriormente, jornalista do jornal Folha de S. Paulo apurrara tratar-se do servidor lotado no gabinete de Érica Kokay, com salário de R$ 3.540,00. Rodrigo foi um dos líderes, em 2007, do movimento "Fora Arruda", responsável pela ocupação da Câmara Legislativa do Distrito Federal, em protesto contra o ex-governador José Roberto Arruda.
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