Lançada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à reeleição, a   presidente Dilma Rousseff transformou a festa para celebrar os dez anos   do partido no governo em um primeiro ato de campanha. No palanque, Dilma rejeitou a herança de Fernando Henrique Cardoso, logo   após Lula apontar a vitória dela em 2014 como "uma consagração   política" diante das críticas ao PT feitas ontem por Aécio Neves   -principal nome do PSDB para a Presidência. "A resposta que o PT deve dar [à oposição] é dizer que eles podem se   preparar, podem juntar quem eles quiserem e que, se eles têm dúvida, nós   vamos dar como resposta a eles a reeleição da presidenta Dilma em   2014", discursou Lula no evento.
"Nós não herdamos nada. Nós construímos", afirmou Dilma, ao defender   ações do governo na área energética e rebater as críticas do PSDB à   política de seu governo. Ao lançar Dilma candidata de forma enfática, Lula usou a festa petista   para desfazer as dúvidas sobre a candidatura da presidente e afastar   especulações sobre sua intenção de voltar ao cargo, O tom do discurso de Dilma foi diferente do que ela adotou no início de   seu governo, há dois anos, quando reconheceu avanços nos governos   tucanos e fez demonstrações públicas de apreço pelo ex-presidente FHC.
Sem referência aos tucanos, a presidente disse ontem que manter a   economia estável é um "compromisso inegociável". "Como vamos destruir os   pilares da economia se os ajudamos a construir nos últimos dez anos?   Quem apostar contra vai amargar sérios prejuízos políticos.". O   marqueteiro do PT, João Santana, acompanhou a festa petista e gravou   os discursos. Um trilho foi montado para que uma câmera registrasse   imagens no palanque. 
Lula também fez ataques a FHC. "Eu vi nosso querido ex-presidente   nervoso dizendo 'isso é coisa de criança, o PT não cresceu'. A gente   ficar oito anos falando 'nunca antes na história desse país' irritou   eles. Nós não temos medo de comparação", afirmou. O ato contou com a participação do ex-ministro José Dirceu e dos   deputados José Genoíno e João Paulo Cunha, todos condenados pelo STF   (Supremo Tribunal Federal).
Sem citar diretamente o mensalão, o ex-presidente disse que seu partido   não deve se envergonhar de debates sobre corrupção e defendeu a política   de alianças que deu origem ao escândalo. "Temos que agradecer porque foi a teoria do 'Lulinha paz e amor' que   permitiu construir uma base aliada com partidos bem diferentes de nós e   nos ensinou a conviver com a diversidade." No palanque havia presidentes de siglas que apoiam o governo, como   Alfredo Nascimento (PR) e Carlos Lupi (PDT), demitidos de pastas por   Dilma após denúncias.
Antes ligado a José Serra (PSDB) e agora aliado do PT, o ex-prefeito   Gilberto Kassab, que lidera o PSD, acabou vaiado pela militância ao   subir no palanque, ao iniciar e ao encerrar seu discurso. Diante dos   apoiadores, Lula afirmou que a oposição tem preconceito com   os pobres. A presidente Dilma seguiu a mesma linha, defendeu as   políticas sociais de seu governo e atacou os que afirmam que ela   anunciou o fim da miséria por meio de "um mero jogo de estatística". 
A presidente também fez uma crítica velada à imprensa, ao dizer que não   houve "estardalhaço" dez anos atrás, quando "havia quase 40 milhões na   miséria". Lula foi explícito ao criticar a mídia. Disse que, "na ausência dos   partidos de oposição, um setor da imprensa faz oposição". "Quando eu   critico a imprensa, eles dizem: 'Lula ataca a imprensa'. Quando me   atacam, dizem: 'a gente fez uma crítica'".(Folha de São Paulo)
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