A paralisação dos funcionários do Metrô e de parte da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) parou São Paulo.
Foram 249 km de congestionamento no pior horário, às 10h, um recorde para a manhã. Até então, a maior lentidão eram os 191 km registrados em 4 de novembro de 2004, após fortes chuvas.
Boa parte dos cerca de 4 milhões de usuários do Metrô e dos 850 mil de duas linhas da CPTM foram afetados diretamente, e a população que usa carro ou ônibus, indiretamente, pois perdeu horas no congestionamento causado pela greve.
Sem ter nada a ver com a queda de braço entre as duas companhias e seus trabalhadores, o paulistano pagou caro pela reivindicação salarial da categoria -que tem remuneração bem acima da média.
Segundo o Metrô, os 8.500 metroviários ganham, em média, R$ 4.060 mensais, além de benefícios que vão de auxílio-creche (R$ 334) a vale-refeição (R$ 476).
O salário médio nacional, de acordo com o IBGE, é de R$ 1.650 (dados de 2010). Em São Paulo, em março de 2012, a média dos proventos estava em R$ 1.852.
Não se trata de negar aos metroviários o direito de fazer greve e reivindicar melhores condições de vida e trabalho. Mas, não sendo sua situação profissional nenhum descalabro, as negociações precisam ocorrer dentro de limites estabelecidos, inclusive pela Justiça.
Paralisações no Metrô e na CPTM, como ocorre em outros serviços públicos essenciais, prejudicam antes o cidadão que as empresas e os dirigentes com que os grevistas precisam negociar.
A Justiça do Trabalho bem que tentou evitar os piores transtornos à população. Sindicato e categoria descumpriram, porém, sua determinação de que 100% dos funcionários atuassem nos horários de pico e 85% nos demais períodos.
Assim, uma paralisação que já parecia indefensável tornou-se abusiva. Inebriados talvez com a inflação de salários no setor de serviços, os metroviários pediam aumento de despropositados 20%.
No final da tarde, os grevistas se apressaram a aceitar reajuste de 6,17%, pouco mais que a proposta anterior do Metrô, de 5,71%, e voltaram ao trabalho.
Com sua demonstração de irresponsabilidade e descaso com o público, os grupos ligados à central Conlutas que controlam o sindicato só fazem reforçar a tese de que seu objetivo é mais político que corporativo, neste ano eleitoral.
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