Olá e obrigado por ler a minha carta!
Eu sou aquela criança que normalmente não pára quieta na carteira, e a quem está sempre a dizer para se calar. É que às vezes eu entendo as coisas antes do Senhor acabar de explicar a matéria e se tem de repetir, aborreço-me. Às vezes posso ser muito mal educado ou explosivo para chamar a atenção. Gosto de falar de temas que o senhor "acredita" não serem para a minha idade. Está sempre a dizer aos meus pais que não consigo aprender, no entanto se alguma coisa me interessa aprendo facilmente, mas quando já tenho conhecimentos suficientes ponho de lado porque me aborreço.
Não contesto a autoridade, mas o entendimento e as explicações. Aprendo por imitação, o seu exemplo para mim é muito importante. Segundo o senhor estou sempre a transgredir as normas e a criar outras. Sou esse gênio em "potência" que se se concentra em algo seria melhor...
Os meus pais levaram-me ao médico e dizem que tenho ADHD, uma coisa chamada Deficiência de Atenção com Hiperatividade, e isso quer dizer que não paro quieto, não posso prestar atenção durante muito tempo, distraio-me facilmente e, além disso, sou imperativo.
O médico queria que eu tomasse Ritalin (a minha mãe recusou dizendo que as anfetaminas criam toxicodependentes), então, ela investigou e agora faço coisas que direcionam a minha energia (desporto, artes marciais, Tai-chi, Yoga) e evita dar-me alimentos com açúcar ou glicose e sinto-me mais calmo.
Não gosto que me tratem como criança, talvez saiba menos de certas coisas, mas isso não significa que não saiba, estou no meu processo. Dê-me mais tempo para assimilar as coisas, pois aprendo de maneira diferente. Se eu não aprendo de uma forma tradicional... Porque usa sempre a mesma maneira? Quem sabe se fosse um método mais prático? Estou sempre a perguntar... Por quê? Isso não quer dizer que o estou a pôr à prova, tenho somente curiosidade.
Se não souber a resposta diga-me. Não seja evasivo, guie-me para eu encontrar a resposta.
Gostaria que me incluísse quando tomasse decisões que me afetam, não sou simplesmente mais um aluno.
Gostaria que reconhecesse que sou diferente e não que me classificasse como diferente. Não sou nem mais nem menos que o senhor.
Se me explicasse para que serve o que estudamos e que para conseguir certas coisas preciso de disciplina, reagiria de maneira diferente.
Quando não me conseguir concentrar faça alguma atividade para me distrair: um jogo, música, dança... Mas não grite comigo. Sei que muitas vezes se desespera na sala de aula, pois nenhum de nós lhe prestamos atenção. Já se preocupou em saber o que realmente nos interessa?
Despeço-me com Amor José Manuel
(este texto foi escrito por José Manuel Piedrafita Moreno, Educador e Índigo Adulto. É livre de usar e divulgá-lo desde que não altere integral ou parcialmente, incluindo os créditos).
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