Vigiado por patrulhas iranianas, USS Abraham Lincoln navegou próximo a costa do país persa em meio a tensões por seu programa nuclear
O porta-aviões norte-americano Abraham Lincoln navegou nesta terça-feira pelo Estreito de Ormuz, perto da costa iraniana, pela segunda vez nas últimas semanas.
A passagem do porta-aviões - acompanhada de perto por barcos de patrulha iranianos, que chegaram a passar a 3,2 km do USS Abraham Lincoln - pôs fim a uma missão no Golfo que mostrou o poder naval do ocidente em meio às tensões com Teerã, que ameaçou bloquear a vital via por onde passa 20% do petróleo utilizado no mundo.
Foto: AP
Helicóptero americano que acompanha o porta-aviões
USS Abraham Lincoln paira sobre navio de patrulha
iraniano durante travessia no Estreito de Ormuz
Oficiais a bordo do USS Abraham Lincoln disseram que não houve incidentes com as forças iranianas e descreveram a fiscalização por Teerã como "medidas de rotina" próximo ao estratégico estreito, cujo controle cabe ao Irã e a Omã.
Embora navios de guerra americanos tenham passado no estreito por décadas, essa viagem ocorre durante um aumento das tensões entre o Irã e o ocidente, por conta do controverso programa nuclear do país persa. A última vez que um porta-aviões deixou o Golfo - o USS John C. Stennis em dezembro - o chefe do Exércio iraniano alertou que os EUA não deveriam voltar nunca mais.
O Lincoln é o principal componente da flotilha que entrou no Golfo no mês passado, junto a navios de guerra do Reino Unido e da França em uma mostra da unidade do ocidente contra as ameaças iranianas. Não houve nenhum comentário imediato por parte do Irã sobre a partida do Lincoln.
A Guarda Revolucionária Iraniana disse que planejava exercícios navais perto do Estreito, por onde passam cerca de 14 navios-tanque de petróleo por dia. Mas os militares iranianos não fizeram qualquer tentativa em interromper o tráfico de navios-tanque - ação essa que, segundo os EUA e seus aliados, teria uma rápida resposta.
Dois navios de guerra americanos, um a frente e outro na parte traseira, escoltaram o Abraham Lincoln em sua jornada pelo estreito até o Mar Arábico depois de quase três semanas no Golfo, frequentemente visitado por navios de guerra americanos.
Mais tarde, apenas depois que o Lincoln circundou uma parte do território de Omã ao final do estreito, um avião de patrulha iraniana ganhou altura. Outro barco de patrulha aguardava mais ao final da costa, disse Troy Shoemaker, comandante das forças do Abraham Lincoln.
Além dos barcos de patrulha regulares do Irã, a Guarda Revolucionária opera um grande número de barcos pequenos de ataque rápido. Alguns estão armados apenas com uma metralhadora, enquanto outros carregam mísseis. Eles são difíceis de detectar porque se assemelham a outros barcos que dobram o estreito.
Shoemaker disse que nenhum desses barcos rápidos apareceram nesta terça-feira, provavelmente por conta do movimento revoltoso do mar. Ele acrescentou que já previa que os iranianos manteriam um olhar atento quanto aos movimentos do Lincoln em toda sua passagem, inclusive com radares em terra. A ação das patrulhas iranianas não foi nenhuma surpresa.
"Nós faríamos as mesmas coisas se fosse na costa dos EUA... É mais que razoável. Nós estamos operando no quintal deles", disse. "Nós temos feito isso por anos."
Vários helicópteros americanos acompanharam o porta-aviões durante o tráfego, cuidando das embarcações potencialmente hostis e transmitindo em tempo real imagens do caminho para a tripulação do Lincoln.
Os EUA e seus aliados temem que o programa iraniano de enriquecimento de urânio tenha como intuito a produção de armas nucleares. O Irã insiste que o enriquecimento de urânio tem somente fins civis.
"Eu não caracterizaria... nós indo pelo estreito como: 'Hey, essa é uma grande demonstração de força. Estamos chegando.' Esse é um estreito internacional feito para o trânsito. Partimos de um local para o outro", disse o capitão John Alexander, o comandante do Lincoln, enquanto se preparava para a viagem na noite de segunda-feira.
É esperado que o Lincoln dê suporte aéreo à missão da Otan no Afeganistão nesta terça-feira. Fontes da Marinha no Golfo disse que outro porta-aviões deve voltar ao Estreito em breve, mas não entrou em detalhes.
Com AP
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