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terça-feira, 30 de agosto de 2011

Estudantes organizam movimento em São Paulo contra a corrupção

Fernanda Nascimento





Integrantes do grupo "Dia do Basta" protestam pela saída do senador José Sarney


Pelo menos quatro grupos programaram para o Dia da Independência manifestações de protesto contra a corrupção que infesta a política brasileira. Nenhum tem uma aparência tão jovem quanto o que promove, pela quarta vez neste ano, o "Dia do Basta". Aos 18 anos, o paulistano Vitor Lorente, estudante de sociologia, divide a coordenação com líderes da mesma faixa etária. Às 14 horas deste 7 de setembro, eles estarão juntos na largada da passeata que saíra da frente do prédio do Masp, na Avenida Paulista. Nesta entrevista, Vitor fala sobre os objetivos do movimento.


O que vocês pretendem conseguir com essa manifestação?


Precisamos promover uma renovação neste país. A gente diz que vive em uma democracia, mas ninguém sabe o que está acontecendo. A tal faxina da Dilma, por exemplo, está tirando um monte de ministros. Mas quem são os que estão entrando no lugar? Nosso intuito é justamente criar uma mobilização popular. Queremos levar as pessoas para a rua. Se você olhar para a história do Brasil, percebe que os grandes movimentos populares começaram assim, pequenos.


Só em São Paulo, pelo menos três atos de protesto estão marcados para o mesmo dia, mas em horários e locais diferentes. Por que não reunir todos na mesma manifestação?


Conseguimos juntar vários grupos para organizar o desfile da escola de samba "Unidos contra a corrupção", marcado para o Dia da Independência. Temos as nossas reinvindicações particulares, mas sabemos que só seremos ouvidos se juntarmos bastante gente. Pensamos: vamos entrar em um acordo, vamos juntar todo mundo e adaptar algumas coisas. Mas nem sempre é possível conciliar tudo.


Por que usar o Facebook para organizar a passeata?


Nós vemos a rede social como uma ferramenta de mobilização popular. No Facebook, muita gente que confirma presença acaba não comparecendo, mas o contrário também ocorre. Algumas pessoas estarão circulando pela Paulista na hora da passeata, verão a movimentação e acabarão aderindo ao movimento. Esperamos pelo menos 2 mil pessoas em São Paulo. O interessante do Facebook é que os próprios participantes chamam mais gente. Assim, mais pessoas são convidadas o tempo todo. O importante é participar.


Falta iniciativa à nova geração?


Uma coisa muito triste que costumo ouvir é que a juventude hoje em dia não faz nada. "Na minha época era diferente", dizem. Mas existem, sim, jovens interessados nos problemas do país que saem às ruas para protestar. E não é um bando de jovens que só querem fazer barulho. Passamos muito tempo debatendo, discutindo. Temos membros com 15 anos no grupo, mas são pessoas com senso crítico apuradíssimo.


Algum partido político foi convidado a juntar-se ao movimento?


Esse é o principal ponto de debate entre os organizadores do grupo. Como nossas manifestações são promovidas apenas por jovens, não temos tanto dinheiro para fazer cartazes, panfletos, camisetas. Às vezes, fica complicado tirar do próprio bolso. Para você ter ideia, o organizador mais velho do nosso grupo tem 19 anos. Já pensamos em procurar alguns partidos para tentar algum apoio ou parceria, mas decidimos ser apartidários. Até porque quem luta contra a corrupção está lutando contra o PT, PSDB, PMDB… Todos os partidos tem um pezinho ali.


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