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quarta-feira, 29 de junho de 2011


OLHAR LIBIDINOSO DE GAY LEVA SHOPPING DE SP A COLOCAR SEGURANÇA NO TOALETE MASCULINO


Toalete masculino: agora sob severa segurança

O Shopping Frei Caneca, na região central de São Paulo, criou nos últimos meses um posto insólito: o de segurança de banheiro. Leandro, de 45 anos, foi recrutado para passar o dia montando guarda na porta do toalete masculino do 3.º piso, que atende as nove salas do cinema, a fim de evitar - ou inibir - paquera de homens no local.
Ele explica que o shopping precisou tomar uma providência, porque "teve gente que se sentiu incomodada (com olhares libidinosos dos gays)".
Em sua gestão como "segurança de banheiro", que já dura cerca de oito meses, Leandro ouviu apenas uma queixa, "de um senhor que avisou que havia um rapaz se exibindo".
A orientação do shopping, segundo Leandro, é mostrar ao "infrator" uma placa na parede com os dizeres: "A prática de ato obsceno em lugar público, ou aberto, ou exposto ao público, é passível de pena de detenção de três meses a um ano".
A assessoria do Frei Caneca disse que "a informação passada pelo segurança foi de interpretação pessoal".
"A função dele, como a de outros profissionais que permanecem fixos nas áreas de maior circulação, é de zelar pela segurança dos frequentadores. Nossa equipe se divide em profissionais que circulam pelos andares e outros que são mantidos fixos em pontos-chave", afirmou o superintendente do Frei Caneca, Carlo Zanetti, no mês passado.
Dias depois, a assessoria do shopping informou que a administração havia "repensado" seu sistema de segurança e retirado Leandro da porta do banheiro masculino. Na semana passada, porém, a reportagem voltou ao shopping em dias diferentes e verificou que o segurança permanece lá.
Pendurar a placa na parede do banheiro alertando para a punição em caso de ato obsceno é uma "inovação" do Frei Caneca. "Não é fantástico colocarem um segurança pra tomar conta da gente?", ironiza o empresário Lázaro Rodrigues, de 33, homossexual assumido e frequentador do shopping.
Educação. Para Toni Reis, presidente da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABLGBT), "as leis são para ser cumpridas".
"Se a prática de atos obscenos em lugares públicos é passível de penalidade, então isso vale para todo mundo. Ninguém, por causa da orientação sexual, está acima ou abaixo das determinações legais", diz Reis. "É uma questão até de educação", destaca.
O administrador de empresas homossexual Pedro Alceu dos Santos, de 30 anos, que passeia pelo shopping, diz que "pegação" entre gays acontece no mundo todo. "Em qualquer banheiro público pode ter gente atrás de sexo. Já vi isso em lugares movimentadíssimos de Londres e Nova York, para citar duas cidades bastante cosmopolitas. Não sei se um segurança vai resolver."
O Estado entrevistou clientes heterossexuais do Frei Caneca para saber o que eles acham de se manter ali um "segurança de banheiro".
O engenheiro Adílson Cabral, de 38 anos, e sua mulher, a fonoaudióloga Mara Lima, de 39, acharam graça da situação. "Qual a função dele ?", perguntou Mara, achando que se tratava de casos de assalto.
Ao saber que o problema era a eventual prática de sexo em público, e isso poderia incomodar frequentadores, riu mais ainda. "Isso acontece?" Para Adílson, não é tão estranho: "Volta e meia você percebe que tem cara olhando de maneira diferente. Mas em qualquer lugar tem". Do portal do Estadão

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