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sexta-feira, 11 de março de 2011

CRISTÃOS ATACADOS NO EGITO

BEM VINDOS À REALIDADE

Imagem distribuída pelo grupo A Voz dos Coptas mostra a turba islâmica que atacou cristãos no Egito.

Tal qual comentamos em artigo recente, os ventos que sopravam no Egito traziam um falso sonho de liberdade. E as notícias que nos chegam daquele país país árabe confirma nossas observações.

O início desta quarta-feira não foi de cinzas para os cristãos do Egito. Foi de sangue. O sábado passado é que foi de cinzas. Cinzas de mais uma igreja cristã copta queimada por muçulmanos.

A Igreja Ortodoxa Copta é uma das mais antigas do mundo. De acordo com a tradição, teria sido estabelecida no Egito por volta do ano 60 d.C. através do trabalho missionário do apóstolo Marcos. Trata-se, portanto de uma igreja local cujas origens remontam tempos pré-islã. O islamismo só viria a surgir quase 600 anos depois quando terminou a pseudo-revelação do Alcorão, em 632 d.C.

A Igreja "Copta" – que significa "Egípcio" – é dirigida hoje pelo patriarca Shenouda III e embora tenha hierarquia e nomenclatura parecidas com a Igreja Católica, não está alinhada com Roma.

Segundo informações do site A Voz dos Coptas, um grupo de muçulmanos de uma aldeia ao sul do Cairo atacou o prédio da igreja e a queimou, quase matando o líder local depois que um imã – o líder islâmico local – fez um apelo conclamando os muçulmanos a "matar todos os cristãos".

O ataque começou na sexta-feira, 4, a 35 km do Cairo na aldeia de Sool, pertencente à cidade de Helwan. As severas agressões se prolongaram por todo o sábado causando a princípio apenas danos materiais.

O imã local, Sheikh Ahmed Abu Al-Dahab, emitiu a chamada durante as orações de sexta-feira à tarde, conclamando os muçulmanos da área para matar os cristãos, porque eles não tinham "nenhum direito" de viver na aldeia. O ataque começou algumas horas depois.

O Reverendo Hoshea (Oséias) Abd Al-Missieh, o líder que escapou por pouco da morte no incêndio, disse que o clamor da igreja sendo dilacerada soava como "ódio".

"O som da igreja sendo destruída é impossível de ser descrito. Eu apenas diria que foi horrível", concluiu o Reverendo Hoshea.

De acordo com moradores locais, a multidão invadiu a Igreja aos gritos de "Allahu Akbar", o brado de guerra islâmico. Atualmente, e como forma de mostrar-se uma religião monoteísta, os muçulmanos dizem que a frase significa "Allah é Grande", mas estudos etimológicos mostram que a frase original era "Allah Hu Akbar", ou seja, "Alá e Akabar", duas divindades pagãs da época de Maomé. O Islamismo, portanto, não é uma religião monoteísta.

Os muçulmanos saquearam objetos sacros do templo, vandalizaram equipamentos dos trabalhos sociais e demoliram as paredes com marretas. Depois, atearam o fogo.

Depois do fogo extinto, a multidão destruiu o pouco que restou da estrutura da igreja, fez uma cerimônia com rezas islâmicas e recolheram dinheiro para a construção de uma mesquita no local.

O líder regional dos Coptas em Gizé, Reverendo Youaqeem (Jeoaquim) disse que os muçulmanos "destruíram a igreja completamente" sendo que "tudo o que restou foram apenas algumas colunas". Desolado, o velho líder concluiu: "Como edifício, está tudo acabado."

Durante o incêndio, Hoshea foi preso em uma casa próxima ao prédio da igreja que estava cheio de fumaça. Durante o tempo em que lá esteve Hoshea enfrentou um difícil dilema: Morria queimado ou saía e enfrentava a fúria da turba composta de milhares de muçulmanos gritando por sangue.

"Quando a fumaça era muita, eu disse a mim mesmo: 'Vou morrer de qualquer jeito', então decidi que iria sair e foi tudo o que aconteceu", disse Hoshea.

Quando saiu, deparou-se com um homem armado com um rifle que exigiu que o seguisse. De início, Hoshea relutou, mas depois que o homem fez um disparo para o ar pedindo para a multidão se afastar, ele o seguiu.

"Ninguém vai tocar neste homem, ele está comigo", dizia o homem. Hoshea foi então levado para uma casa onde se encontrou com outros três trabalhadores que estavam na igreja quando esta foi atacada. Todos relataram o mesmo histórico de "resgate" efetuado pelo misterioso homem do rifle.

CRONOLOGIA DOS ACONTECIMENTOS

As atuais escaramuças contra os cristãos começaram há vários dias. No início deste mês, moradores de uma aldeia chamada Sool acusaram uma mulher muçulmana de cerca de 30 anos e um homem copta de 40 de estar envolvido com o outro. No Egito, muitos homens cristãos optam casar-se com mulheres muçulmanas como forma de "maquiarem" uma suposta conversão ao islamismo e fugirem da perseguição religiosa. Na quarta-feira, 2 de março, um conselho de cristãos e muçulmanos se reuniu tendo os integrantes concordado que o homem deveria deixar a aldeia como forma de evitar uma violência sectária.

No dia seguinte, um dos primos da mulher expulsa envolveu-se numa luta corporal com o pai desta onde acabou por matá-lo num crime considerado "em defesa da honra" da família. No mesmo dia, o primo morreu vítima dos ferimentos que sofreu na luta. Na sexta-feira, 4, Al-Dahab, o imã local, culpou os cristãos como responsáveis pelos incidentes na vila e exortou todos os muçulmanos em Sool a matá-los.

Devido ao ataque, os cristãos de Sool fugiram para aldeias vizinhas. As mulheres cristãs que permaneceram na aldeia estão sendo – neste momento! – abusadas sexualmente, de acordo com depoimento de Jeoaquim ao site A Voz dos Coptas. Jeoaquim acrescentou nesta terça-feira, data em que o mundo celebrou o Dia Internacional da Mulher, que vem recebendo desesperados telefonemas das mulheres da aldeia implorando por ajuda.

"Todos tentaram encontrar uma maneira de sair, mas grupos muçulmanos estabeleceram bloqueios em torno de Sool declarando sua intenção de transformá-la em uma 'aldeia islâmica'", afirmou Jeoaquim.

No domingo, 6, cerca de 2.000 pessoas se reuniram em frente ao edifício da televisão e da rádio do Cairo para protestar contra o ataque e contra aquilo que os coptas vêem como a recusa do governo em resolver ou mesmo reconhecer a perseguição dos cristãos no Egito. Os manifestantes também acusaram o governo de não enviar tropas suficientes para a aldeia para controlar a situação. Segurando símbolos cristãos, os manifestantes gritavam o nome de Jesus e frases como "Precisamos da nossa igreja!"

O protesto era observado por soldados armados com fuzis AK-47 enquanto várias lideranças se revezavam nos discursos dirigidos à multidão. Quando o reverendo responsável por uma das igrejas de Gizé, Anba Teodósio, disse que o Exército se comprometera a reconstruir a igreja, mas não lhe dera garantias de que isso aconteceria, houve revolta entre os cristãos ali reunidos.

Um pouco antes da violência explodir de forma generalizada, alguns jornalistas perguntaram ao reverendo Jeoaquim quais as perspectivas que ele via para os acontecimentos. "Como costumamos dizer, 'todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito'", concluiu o líder cristão citando palavras do Apóstolo Paulo na sua Carta aos Romanos.

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

Na manhã desta quarta-feira, 9, as notícias que nos chegam do Egito não são nada alvissareiras. Veja abaixo matéria distribuída pela agência EFE e publicadas no Portal UOL.

Confrontos deixam ao menos 10 mortos no Egito

Enfrentamentos entre cristãos e muçulmanos na noite desta terça-feira deixaram dez mortos e 110 feridos no Cairo, no bairro de Moqqatam e em suas proximidades, informaram nesta quarta-feira as autoridades egípcias.

Os distúrbios aconteceram depois que grupos de cristãos interditaram uma estrada durante um novo dia de protestos devido ao incêndio de uma igreja no sábado passado na província de Helwan, no sul da capital egípcia.

Segundo a agência oficial de notícias "Mena", que cita o chefe de Emergências do Ministério da Saúde, Sharif Zamel, o número de mortos e feridos foi calculado em diversos hospitais, onde foram atendidas as vítimas desses incidentes.

Estes são os choques mais violentos que se registram no Cairo depois da queda do regime político de Hosni Mubarak, no dia 11 de fevereiro.

De acordo com o dirigente de uma associação de cristãos coptas egípcios, Najib Gibrail, os enfrentamentos desta terça-feira à noite ocorreram após uma manifestação pacífica de cristãos, que bloquearam uma estrada.

Grupos de muçulmanos procedentes de um bairro do outro lado da estrada chegaram ao local para tentar desbloqueá-la.

Segundo Gibrail, várias casas foram incendiadas no bairro de Moqqatam, em sua maioria catadores de lixo, conhecidos como "zabbalin".

Os cristãos representam cerca de 10% da população do Egito, um país majoritariamente composto por muçulmanos.

Confrontos entre cristãos e muçulmanos ocorrem com certa freqüência no país, por motivos pessoais ou divergências religiosas.

[Fugindo à responsabilidade dos muçulmanos] o grupo político-religioso Irmandade Muçulmana acusou remanescentes do regime de Hosni Mubarak de provocar esses incidentes.

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