O Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG) identificou inconsistências na prestação de contas da candidata a deputada estadual Helena Ventura (PT-MG) nas eleições de 2014, e solicitou que ele apresentasse documentos para esclarecê-las. As contas da campanha, disponíveis no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), apontam que ela gastou R$ 36,28 milhões. Quase tudo — R$ 36,25 milhões — diz respeito a um único repasse à Gráfica e Editora Brasil Ltda, de propriedade do empresário Benedito Rodrigues de Oliveira Neto, investigado pela Polícia Federal (PF) pelo crime de lavagem de dinheiro. As informações são do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Mais conhecido como Bené, o empresário é ligado ao PT e já prestou serviços ao governador de Minas Gerais, o petista Fernando Pimentel. Segundo a PF, Bené usou até mesmo uma empresa da primeira-dama mineira, Carolina de Oliveira Pimentel, para movimentar dinheiro. A empresa seria de fachada. Bené foi preso na última sexta-feira, durante a Operação Acrônimo, da PF, mas foi solto no mesmo dia.
Segundo o TSE, o TRE-MG identificou algumas "ocorrências", incluindo o repasse à gráfica, após exame preliminar de contas da candidata, que sequer teve o registro deferido para participar da eleição. Informou também que o tribunal mineiro solicitou a Helena a apresentação de vários documentos: recibos eleitorais correspondentes a todas as doações financeiras recebidas, documentos fiscais referentes aos gastos efetuados, documentação que comprove o pagamento de eventuais cheques devolvidos e, se for o caso, prestação de contas retificadora.
Segundo o TSE, até o momento Helena não se manifestou sobre o caso. O não envio dos documentos pedidos pode levar a Justiça Eleitoral a decidir que não houve prestação de contas, por ausência de documentação que possibilite a análise. Com exceção do repasse milionário à gráfica, a prestação de contas de Helena indica que ela gastou apenas R$ 34.911,03 em toda a campanha. Ela informou a Justiça Eleitoral que seu limite de gasto na campanha seria de R$ 3 milhões. Seu único bem é um imóvel em Betim, Região Metropolitana de Belo Horizonte, avaliado em R$ 290 mil.
A Gráfica Brasil, principal empresa da família de Bené, faturou R$ 465 milhões desde 2005, o que chamou a atenção dos investigadores da PF. A gráfica é velha conhecida dos órgãos de controles. Auditorias da Controladoria-Geral da União (CGU) feitas nesse período detectou irregularidades nos contratos firmados pela empresa com pelo menos três ministérios: Cidades, Agricultura e Turismo. O GLOBO procurou a gráfica, mas a atendente informou que ninguém estava autorizado a falar.
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