O governo adiou a divulgação do resultado da primeira fase do Revalida --exame federal de revalidação de diplomas de profissionais formados no exterior-- para depois da votação do programa Mais Médicos no Congresso. Interlocutores presidenciais afirmam que o índice de aprovação deve ficar próximo de 8% --seria o pior desempenho nessa fase da prova desde que o exame foi oficializado, em 2011. Naquele ano, a aprovação na primeira fase atingiu 14,2% dos 677 inscritos. No ano seguinte, dos 884 candidatos que fizeram a prova, apenas 12,5% passaram para a prova prática. Ou seja: nos dois anos do exame, o índice médio ficou em torno de 13%.
Nos bastidores, integrantes do próprio governo estranham a demora no anúncio do resultado. A hipótese deles é que a divulgação de um índice ruim poderia tumultuar o debate no Legislativo. O texto da medida provisória já foi aprovado na Câmara e pode ser apreciado hoje pelo Senado. Uma das principais críticas de entidades médicas e de congressistas ao programa é justamente a permissão para que médicos formados no exterior atuem no Brasil sem revalidar o
Com isso, representantes da categoria dizem que não seria possível avaliar com precisão a qualidade da formação desses profissionais.
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. Com isso, representantes da categoria dizem que não seria possível avaliar com precisão a qualidade da formação desses profissionais.
De acordo com a medida, a atuação sem Revalida será aceita em local específico e por um determinado período. O governo justifica que, se o exame fosse exigido no programa, os médicos aprovados poderiam trabalhar em qualquer lugar do país, o que poderia inviabilizar a medida. A proposta do Mais Médicos é reduzir o deficit de profissionais de saúde em cidades do interior e na periferia.
EVENTO
Inicialmente previsto para 11 de setembro, o resultado da primeira fase do exame foi adiado para 26 de setembro e, duas semanas depois, para 28 de outubro. No ano passado, a prova dos 884 candidatos que compareceram ao teste foi corrigida em 30 dias. Seguindo essa média, neste ano o tempo de correção da prova seria de 54 dias. Com as prorrogações, o prazo será de 64. A justificativa oficial para a segunda prorrogação, segundo nota técnica obtida pela Folha, foi a realização, no mesmo período, de congresso médico em Pernambuco. "É um evento de grande porte, que conta com a participação de um grande número de médicos, e sua realização dificulta a definição da banca de examinadores para a segunda fase", diz trecho.
Procurado, o Inep (órgão responsável pela prova) informou que o grande número de médicos inscritos no Revalida "superou a estimativa de tempo para análise dos recursos interpostos pelos candidatos". Neste ano, 1.582 candidatos fizeram a prova. O órgão disse ainda que o congresso foi um "fator que, associado aos demais motivos já expostos, levou, por solicitação da comissão e dos aplicadores, à prorrogação".
PERFIL
Dos médicos inscritos no Revalida neste ano, 55,8% são de profissionais formados na Bolívia. Em seguida, aparecem candidatos graduados em Cuba e Paraguai. Do total de candidatos que tentam a revalidação, brasileiros são maioria (52,8%). (Folha de São Paulo)
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