Em reunião que durou mais de cinco horas no Palácio da Alvorada e da qual participaram a presidente Dilma Rousseff e seu núcleo político, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu ontem que o PT antecipe a tática de isolar o PSB, de Eduardo Campos, nos Estados. Lula quer evitar que petistas e outros partidos governistas se aliem ao partido de Campos, agora com seu projeto presidencial reforçado pela ex-senadora Marina Silva.Também estiveram no encontro o presidente do PT, Rui Falcão, o marqueteiro João Santana, o ex-ministro Franklin Martins e o ministro Aloizio Mercadante (Educação).
Lula acreditava que o governador de Pernambuco pudesse recuar de sua pré-candidatura ao Planalto caso não decolasse nas pesquisas. Por isso, chegou a pedir que o PT mantivesse o diálogo com ele mesmo depois que o PSB entregou os cargos no governo, no final de setembro. Segundo interlocutores, após a filiação de Marina, o ex-presidente passou a considerar o PSB como oposição. O ex-presidente aponta como prioridade a consolidação de alianças regionais com outros partidos da base de Dilma, como PMDB, PR e PTB.
O objetivo é montar o maior número de palanques distante do PSB e "fechar os espaços de Campos", nas palavras de um aliado do ex-presidente. Ao deixar o encontro, Mercadante procurou enfatizar que o governo não está preocupado com o "quadro dos outros concorrentes" e elogiou o vigor da base governista. "Temos leque de alianças muito sólido. Mesmo com a saída do PSB, parte importante do PSB não acompanhou a saída. Uma militância representativa ficou no governo, como é o caso do governador Cid Gomes [Ceará]", disse.
Ele reconheceu a aproximação de Campos com Marina como "novidade política". "Nós tínhamos uma candidatura com um patamar nas pesquisas acima de 20% [Marina] que aderiu a uma candidatura num patamar em torno de 5% [Campos]. É uma novidade política, de qualquer forma, precisa ver como isso vai evoluir", disse. Um dos presentes à reunião disse à Folha que Eduardo Campos terá de falar "mais para dentro do que para fora" nos próximos meses, prevendo dificuldades de relacionamento entre a Rede, sigla de Marina, e o PSB para 2014.
TRINCHEIRAS
O plano traçado por Lula prevê que o PT estimule candidaturas próprias de partidos aliados em redutos socialistas, como o Espírito Santo. Antes do rompimento de Campos com o governo federal, petistas pretendiam apoiar a reeleição de Renato Casagrande (PSB), indicando seu vice, com o apoio a Paulo Hartung (PMDB) para o Senado. Agora o PT já admite apoiar Hartung ao governo para isolar o PSB.
O PT também vê rompimento iminente com o PSB do Piauí, que se aproximou dos tucanos. Petistas buscarão palanque alternativo no Estado, a exemplo do que deve ocorrer em Pernambuco. Lula defende que o PT pernambucano deixe o governo estadual e embarque na campanha do senador Armando Monteiro (PTB).
No Amapá, onde o PT também apoia governador do PSB, o partido admite manter a aliança, mas petistas relatam que Lula busca convencer José Sarney (PMDB) a se candidatar ao Senado, abrindo palanque para Dilma. A ameaça de afastamento pressionaria governadores pessebistas. Ao temer isolamento, Casagrande e Camilo Capiberibe, do Amapá, podem aceitar o apoio do PT e, em troca, adotar postura "neutra" na campanha nacional.
DEFESA
O PSB também traça seus cenários a partir da perspectiva de rompimento total com os petistas. Internamente, a cúpula socialista admite que o apoio do PT é importante no Espírito Santo e no Amapá.O partido, contudo, prepara palanques opcionais onde for necessário. No Acre, Estado de Marina, o vice-governador César Messias (PSB) pode ser candidato ao governo caso a sigla se distancie do PT. (Folha de São Paulo)
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