Não convidem o "baixo nível" da esquerda para sentar na mesma mesa do "moleque leviano" da direita.
Os deputados Henrique Fontana (PT-RS) e André Vargas (PT-PR), vice-presidente da Câmara, trocaram farpas nesta quarta-feira (4) pelo Twitter. O motivo foi o Processo de Eleição Direta (PED) para a escolha da nova cúpula do PT, que acontece em 10 de novembro.Fontana, que integra a corrente interna Mensagem ao Partido, havia escrito em sua conta no microblog: "Em 23/08 o PT tinha 184.893 filiados aptos a votar no PED em uma semana saltou p/780.000. Sinal claro de inchaço. Reforma política no PT já"
Pelas regras da eleição petista, só poderão votar no PED pessoas filiadas há pelo menos um ano e que estejam em dia com uma contribuição partidária, cujo valor mínimo é de R$ 10 por semestre. O prazo dado pela legenda para que seus militantes acertassem as contribuições em débito para ficarem aptos a votar venceu na última sexta-feira (30). O partido atribui a multiplicação de eleitores a uma grande mobilização de última hora para a regularização das dívidas. Ao jornal "O Globo", Fontana disse desconfiar que foi feito pagamento coletivo: "Uma pessoa pagou para todo mundo e isso é voto de cabresto", afirmou.
Nesta quarta, André Vargas, da corrente Construindo um Novo Brasil (CNB), tendência majoritária no PT, criticou o colega gaúcho. "Henrique Fontana é um moleque leviano e parece aquele que bate a carteira e desce a ladeira gritando pega ladrão. Basta ver eleitorado do RS", escreveu em seu Twitter. Em mensagens seguintes, afirmou que a variação no número de militantes aptos a votar também foi registrada no Rio Grande do Sul, onde a Mensagem ao Partido comanda o PT local: "Se lá o eleitorado cresceu na reta final, por que não cresceria no resto do Brasil? Ele levantou suspeitas infundadas".
A assessoria de Fontana disse que ele não falaria mais sobre o assunto e que não comentaria as declarações de Vargas. O deputado, no entanto, reagiu a Vargas no Twitter. "O baixo nível dos tweets postados pelo @andrevargas13 mostra sua falta de argumento e capacidade para debater com respeito e democracia", respondeu. Em nota, ele negou ter feito acusação de compra de votos e disse que apenas destacou seu estranhamento com a mudança repentina dos números.
À Folha, André Vargas criticou o grupo político de Fontana. "É uma corrente que já desgastou o PT lá atrás com o debate da ética a agora quer nos desgastar com isso", afirmou. A Mensagem, do governador do RS, Tarso Genro, e do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, chegou a pregar a "refundação" do PT após o escândalo do mensalão, em 2005. No PED deste ano, a corrente tem o deputado Paulo Teixeira como candidato à presidência do PT. O favorito na disputa é o atual presidente, Rui Falcão, que é apoiado pela CNB.
Vargas comparou a regularização de débitos no último dia do prazo à entrega de declarações do Imposto de Renda e negou o pagamento coletivo. "É natural isso acontecer. O brasileiro tem tradição de deixar tudo para a última hora. Com o Imposto de Renda é a mesma coisa, e isso não significa que tem alguém fazendo o imposto para mim", disse.
O secretário de organização do PT, Florisvaldo Souza, afirmou que 120 mil filiados regularizaram sua situação na véspera do prazo final e 340 mil o fizeram no último dia, totalizando, segundo balanço preliminar, os cerca de 780 mil eleitores aptos a votar. Souza calcula que o partido arrecadou, só no último dia, cerca de R$ 4 milhões com as contribuições.
"Houve uma mobilização muito grande no país inteiro na quinta e na sexta. É uma rede. As pessoas procuram [os diretórios para saldar os débitos], outros ligam [para os inadimplentes]", declarou. Ele disse que nenhum recurso foi apresentado questionando os números do colégio eleitoral e também rebateu as críticas de Fontana. "Talvez tenha alguém no PT querendo um partido pequeno, menor. Eu quero um partido grande, com espaço para todo mundo fazer a disputa política", declarou. (Folha Poder)
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