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quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Técnica inédita identifica nível de cianeto no sangue das vítimas

Método usado na Feevale é pioneiro no Brasil e fundamental para definição do tratamento


Novo Hamburgo  - O Laboratório de Análises Toxicológicas da Universidade Feevale realiza gratuitamente exames em amostras de sangue de vítimas do incêndio da boate Kiss. O mais importante nesta análise é identificar o nível de cianeto presente no organismo dos pacientes. Após essa identificação é possível usar o antídoto capaz de combater os efeitos do gás - a hidroxicobalamina, derivado da vitamina B12, é o remédio usado para o tratamento das vítimas desde a semana passada. 
O cianeto, na forma de ácido cianídrico, é formado na queima de diversos materiais sintéticos, como o da espuma que revestia a boate Kiss. Ele é rapidamente absorvido pela via respiratória e impede a respiração celular através da inibição de mecanismos bioquímicos fundamentais para a sobrevivência das células. 
A técnica usada na universidade aqui de Novo Hamburgo é uma metodologia pioneira no Brasil e que foi desenvolvida inicialmente no Instituto de Medicina Forense de Berlim, na Alemanha. Segundo o coordenador do laboratório, professor Rafael Linden, doutor em Biologia Celular e Molecular, o teste é bastante incomum, e não há informações de outro laboratório brasileiro que o faça.
"Normalmente o teste é realizado no contexto da toxicologia forense, para avaliar casos fatais. Institutos de medicina forense da Europa e dos Estados Unidos realizam rotineiramente este teste em vítimas fatais de incêndios", explica. 
Até o momento foram concluídas cerca de 50 análises, que foram coletadas tardiamente, aproximandamente após 80 horas da exposição. Neste momento, os níveis de cianeto encontrados não foram marcantemente elevados. "Entretanto, considerando que as concentrações foram acima daquelas encontradas em condições fisiológicas, as análises demonstraram que os pacientes foram expostos ao ácido cianídrico durante o incêndio, o que se mostrou compatível com o quadro clínico apresentado", destaca.
Para o médico intensivista e pneumologista Sérgio Baldisserotto, diretor clínico e coordenador técnico da UTI do Hospital São Francisco de Assis, de Santa Maria, os dados fornecidos pelo laboratório têm sido decisivos tanto para o manejo terapêutico dos pacientes mais graves internados nas UTIs, como para a obtenção do antídoto administrado aos pacientes e para uma explicação científica para o elevado número de óbitos ocorridos.


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