É de dar medo o conteúdo, ainda não divulgado, da "reforma política" que o presidente da Câmara dos Deputados pretende votar com súbita brevidade
OBRIGADOS A DAR respostas que cheirem a decência, depois da indecência que foi a eleição de um presidente da Mesa denunciado pelo Ministério Público Federal por desvios de verbas e prevaricação, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), os líderes das bancadas na Câmara dos Deputados finalmente decidiram votar hoje o fim dos seus 14º e 15º salários. Os parlamentares recebem hoje R$ 53.4 mil ao ano, em duas parcelas de R$ 26.7 mil, pagas em fevereiro e dezembro, a título de "ajuda de custo". A providência moralizadora foi aprovada pelo Senado em março do ano passado, mas, como nossos representantes não são de ferro, a mumunha será substituída por pagamentos de igual quantia no início e no fim das legislaturas, a cada quatro anos.
DIZ O PROJETO de decreto legislativo que o auxílio "é destinado a compensar as despesas com mudança e transporte" do deputado para assumir o mandato e, ao final, voltar ao Estado de origem. Explicação ardilosa, pois somente haverá "mudança" se não for eleito (70% em média o são, no outubros eleitorais), e, mesmo assim, os mandatos são concluídos em janeiro; até esta data as eventuais despesas àquele título estariam cobertas pelo salário de R$ 26.7 mil e pelo auxílio-moradia de R$ 3 mil mensais. Quanto ao "transporte", o deputado dispõe de R$ 34.2 mil/mês (mais de 50 salários-mínimos) para ressarcimento de despesas com passagens e combustível. O pendurico foi apenas reduzido de valor, mas anunciado na imprensa como extinto. Segue a hipocrisia como tributo ao vício.
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