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quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Elos perversos em Santa Maria!




* Carlos Augusto Fernandes dos Santos - General                                                


Por ter vivido na cidade uma quadra inesquecível de minha vida profissional, associo-me a imensa tristeza e  desabafo ao colocar no papel a revolta e a perplexidade  que  me assaltam, em ser obrigado a ouvir pífias declarações de diversas  "autoridades" e  de ter de  assistir a mais uma tragédia, entre tantas,  que ocorrem em nosso país, consequência da maneira permissiva e negligente  em nossa cultura, de encaminhar e resolver questões substantivas, com a irresponsabilidade e a omissão do nosso conhecido "jeitinho" . Fica no ar, entretanto, uma pergunta que precisa ser respondida: Quem inspecionou o local, e autorizou o  funcionamento daquela arapuca apelidada de boate ? Não precisa ser especialista nem técnico experiente, para verificar a inadequação do indigitado local em abrigar uma pequena multidão - de mil ou mil e quinhentos indivíduos- numa área restrita com somente uma porta de  acesso. Quem forneceu o ALVARÁ de funcionamento ?

Pelo que se ouviu, "tudo estava de acordo com as leis e as normas em vigor e será devidamente apurado".
As ridículas declarações dos integrantes da  cadeia de responsáveis ( diretos e indiretos)  tangenciam a ironia e o sarcasmo: a Prefeitura ( fiscais e o setor de engenharia), o Corpo de Bombeiros e os outros órgãos que tinham por tarefa a liberação do local, fornecem capengas explicações, na tentativa de justificar o injustificável. A nossa indignação se potencializa quando  tomamos conhecimento que:

- Uma autoridade judiciária, de qualquer instância,  fornece liminar , autorizando o funcionamento temporário de estabelecimentos , mesmo depois que a inspeção realizada neles contraindique essa concessão, sob a frágil alegação de cerceamento da liberdade de investir ou se corrompe, vendendo sentenças, em troca de dinheiro sujo e mal havido pelas máfias. Assim procedendo  ela colabora negativamente com a prática dessa cultura permissiva e irresponsável e denigre o poder judiciário.

- Uma  autoridade executiva,  ferindo os princípios da moralidade administrativa e da ética , se corrompe ou participa de negócios e tratativas escusas e governa como se o cargo fosse de sua propriedade, atendendo exclusivamente aos desejos do partido político ao qual pertence. Assim procedendo ela fere a liturgia do cargo e o fragiliza.

- Parlamentares eleitos para representar o povo em suas legítimas aspirações, se deixem corromper ao participarem de negociatas com o intuito de atender aos apelos dos governos de ocasião ou seus interesses menores, conspurcando seus mandatos e desmoralizando a Instituição a que pertencem.

- Parlamentares do  Congresso Nacional , de qualquer das suas Casas (Senado e Câmara), aceitem ser chefiados por colegas cujo passado e histórias de vida não os recomendam para o exercício de tão dignificante tarefa ou reajam a decisões emanadas da mais alta corte do país, quando se posicionam contrários à condenação de seus pares, julgados culpados por crimes cometidos no exercício de suas atividades  políticas. Assim procedendo colaboram, ainda mais,  para desmoralizar  a  Instituição a que pertencem.

Infelizmente, há longos anos, a nação convive com essa corrente perversa constituída de elos importantes, mas lastimavelmente frágeis. Em todas as esferas do poder (  Executivo, Legislativo ou Judiciário ) ,  e  nos diferentes  âmbitos da federação (Federal, Estadual ou Municipal ), constatamos, com irritante frequência, desvios de conduta, omissões e negligência de autoridades , revelando, assim, o baixo nível e a evidente falta de compromisso com princípios, e com a solidez ética e cultural de nossa gente. Enquanto isso, como sói acontecer e pelas declarações das nossas autoridades, as investigações caminham na busca de  um " Bode Expiatório" palatável, capaz de  assumir a  culpa por toda essa lastimável tragédia.


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