Advogados abandonam júri e só três réus do caso Celso Daniel são julgados hoje
Defesas de Itamar e Elcyd reclamaram de 'desigualdade' entre acusação e defesa e os dois devem ser julgados em 16 de agosto
Advogados de dois dos cinco réus do caso Celso Daniel, prefeito de Santo André morto em 2002, que seriam julgados nesta quinta-feira, em Itapecerica da Serra, decidiram abandonar o júri antes do início da sessão nesta manhã alegando desigualdade entre acusação e defesa. Com isso, o julgamento de Itamar Messias da Silva e Elcyd Oliveira Brito foi remarcado para 16 de agosto. Serão julgados hoje José Edson da Silva, Rodolfo Rodrigo dos Santos Oliveira e Ivan Rodrigues da Silva.
O julgamento teve início por volta das 11h e os jurados já foram escolhidos: serão quatro homens e três mulheres. As 13 testemunhas arruladas pela defesa foram dispensadas e algumas não vieram porque não tinham obrigação de comparecer. Por conta disso, a sessão começa com os interrogatórios dos três réus.
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A defesa reclamou da divisão do tempo no julgamento: 2h30 para o promotor e 2h30 divididas entre os defensores dos cinco réus, o que daria meia hora para cada. Para a advogada de Elcyd, Ana Lúcia Santos, o tempo era insuficiente. "É impossível defender o réu em 30 minutos", afirmou. Ela não confirmou que o seu cliente tenha feito acordo para obter o benefício da delação premiada, segundo informação do promotor Márcio Augusto Friggi de Carvalho.
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Elcyd conduzia a Blazer que, junto a um Santana, bloqueou a passagem da Pajero onde estava o prefeito no momento do sequestro, em janeiro de 2002. Celso Daniel foi abordado na saída de um restaurante e estava acompanhado do ex-segurança Sérgio Gomes da Silva, o Sombra, acusado de ser mandante do crime. Sombra não está entre os réus que serão julgados nesta quinta, porque dois recursos fizeram com que o processo que trata da acusação contra ele fosse desmembrado. Ainda não há uma data para julgamento.
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Além de Elcyd, responderão pelo crime de homicídio duplamente qualificado no júri nesta quinta Itamar Messias Silva dos Santos e Rodolfo Rodrigo dos Santos Oliveira, o Bozinho - que também estavam na Blazer - Ivan Rodrigues da Silva, conhecido como Monstro, e José Edson da Silva. Eles teriam sido recrutados por Dionísio Aquino Severo, que, segundo o MP, liga Sombra ao grupo que executou a ação. Dionísio foi morto na cadeia logo após sua prisão, em 2002.
A promotoria sustenta que o crime está ligado a denúncias de corrupção na administração pública de Santo André. Celso Daniel teria descoberto que o dinheiro do esquema de corrupção instalado na prefeitura para financiar campanhas eleitorais do PT estava sendo utilizado para arcar com gastos pessoais dos envolvidos. "O esquema para beneficiar o PT ele (Celso Daniel) sabia e concordava. Não concordou com o enriquecimento pessoal dos envolvidos", disse o promotor.
Então, ainda de acordo com o MP, foi forjado um sequestro para encobrir a real motivação do crime. O corpo de Celso Daniel foi encontrado dois dias após sua captura com marcas de oito tiros em Juquitiba, São Paulo. Carvalho afirma que há uma "clareza solar" de que o prefeito foi torturado.
Segundo a polícia, Celso Daniel teria sido sequestrado por engano, por uma quadrilha da favela Pantanal, localizada na divisa entre São Paulo e Diadema, liderada por Ivan Rodrigues da Silva, o Monstro – que, na verdade, tinha planejado o rapto de um empresário que não deu certo.
Para o julgamento, que tem previsão de ser concluído na sexta-feira, a defesa dos cinco réus arrolaram 13 testemunhas - o que não significa que todas serão ouvidas. A acusação não arrolou nenhuma testemunha, segundo o promotor, por "absoluta falta de necessidade", uma vez que as provas técnicas e os autos já seriam suficientes. Carvalho acredita que os réus serão condenados a penas que devem variar de 12 a 30 anos.
Dez anos após o crime, apenas um dos acusados foi julgado. Marcos Roberto Bispo dos Santos, que dirigia a Santana durante o sequestro, foi condenado a 18 anos de prisão em 2010.
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