Por Gabriel Castro e Luciana Marques, na VEJA Online:
A Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira um requerimento de convocação da ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti. A petista terá de explicar por que permitiu, como ministra da Pesca, a compra de lanchas que nunca foram usadas, adquiridas da Intech Boating, que doou 150 000 reais para o PT catarinense - do qual a ministra faz parte. Em 2010, Ideli disputou o governo de Santa Catarina e teve a maior parte das despesas de campanha pagas pelo diretório do partido no estado.
O dono da Intech disse ao jornal O Estado de S. Paulo que a doação foi pedida pelo Ministério da Pesca. A aquisição das 28 lanchas custou 31 milhões de reais, pagos sob a gestão de Ideli. O Tribunal de Contas da União apontou irregularidades na transação. O deputado Vanderlei Macris (PSDB-SP), que apresentou o pedido de convocação, questionou a doação. "A empresa beneficiada pelo contrato, a Intech Boating, doou 150 000 reais ao comitê do PT, que bancou parte da candidatura de Ideli Salvatti", disse o deputado.
Em nota, a assessoria de Ideli negou que a ministra tenha relações com a empresa. "A campanha da ministra ao governo de Santa Catarina não foi beneficiada com doações da Intech Boating", diz o texto. A assessoria informou ainda que, no período do processo licitatório questionado pelo TCU, a ministra era senadora e, nos cinco meses em que esteve à frente do Ministério da Pesca, não firmou nenhum novo contrato ou convênio: "A ministra sempre esteve e se mantém à disposição para todos os esclarecimentos que forem necessários".
Derrota
A convocação é uma derrota para o governo e só foi aprovada com o apoio de parlamentares da base aliada. Aline Correia (PP-SP), Carlos Magno (PP-RO), Paulo Feijó (PR-RJ), Wellington Roberto (PR-PB) e Hugo Motta (PMDB-PB) somaram-se a três votos da oposição. Placar final: 8 a 7. Mais do que a insatisfação de aliados com o Planalto, o resultado pode ser atribuído à impopularidade de Ideli com muitos parlamentares governistas. A ministra é vista como uma péssima articuladora, que cobra lealdade da Câmara sem, em troca, dar atenção aos pedidos dos deputados.
O governo sempre evitou a convocação de ministros pelo Congresso. Quando calculava que os riscos eram controlados, o Planalto consentia na aprovação de um convite, que não torna obrigatória a presença do representante do Executivo.
O autor do requerimento votado nesta quarta-feira é o deputado Vanderlei Macris, que justificou a convocação de Ideli: "Ela passou por lá e, apesar de não ter sido a articuladora do contrato, foi durante a sua gestão que esse processo se deu". Eduardo Cunha (PMDB-RJ) alegou que não foi Ideli quem deu a ordem para a compra e lembrou que quem comanda a pasta hoje é Marcelo Crivella. "Não vejo nenhuma lógica", disse o peemedebista. Ou a gente chama quem comprou ou a gente chama quem está no cargo". Mas a argumentação de Cunha foi derrotada.
Por Reinaldo Azevedo
Derrota
A convocação é uma derrota para o governo e só foi aprovada com o apoio de parlamentares da base aliada. Aline Correia (PP-SP), Carlos Magno (PP-RO), Paulo Feijó (PR-RJ), Wellington Roberto (PR-PB) e Hugo Motta (PMDB-PB) somaram-se a três votos da oposição. Placar final: 8 a 7. Mais do que a insatisfação de aliados com o Planalto, o resultado pode ser atribuído à impopularidade de Ideli com muitos parlamentares governistas. A ministra é vista como uma péssima articuladora, que cobra lealdade da Câmara sem, em troca, dar atenção aos pedidos dos deputados.
O governo sempre evitou a convocação de ministros pelo Congresso. Quando calculava que os riscos eram controlados, o Planalto consentia na aprovação de um convite, que não torna obrigatória a presença do representante do Executivo.
O autor do requerimento votado nesta quarta-feira é o deputado Vanderlei Macris, que justificou a convocação de Ideli: "Ela passou por lá e, apesar de não ter sido a articuladora do contrato, foi durante a sua gestão que esse processo se deu". Eduardo Cunha (PMDB-RJ) alegou que não foi Ideli quem deu a ordem para a compra e lembrou que quem comanda a pasta hoje é Marcelo Crivella. "Não vejo nenhuma lógica", disse o peemedebista. Ou a gente chama quem comprou ou a gente chama quem está no cargo". Mas a argumentação de Cunha foi derrotada.
Por Reinaldo Azevedo
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